sexta-feira, 5 de junho de 2009

BORA POVO!!!

`` A vioLência contra a mulher não é um fenomeno novo, sempre existiu...´´

MARIANA KARILENA.
violência contra a mulher e a lei Maria da Penha.



É nitido a grande resistência ao crescimento da presença feminina em nossa sociedade,como tambêm a forte onda de violência contra as mulheres. este tema tem ocupado um grande espaço para discursão em nosso meio. E para entendermos melhor este assunto, convidamos para o bora povo Mariana Karilena, estudante de Jornalismo e Integrante do Coletivo de Jovens Feministas desde 2005. A entrevista que segue desafia a todos juntos desconstruir este grave ciclo de violência em nosso meio, e vamos nós!!!







1- Você participou de uma ação que produziu um vídeo sobre a lei Maria da Penha, com o objetivo de desmistificar e esclarecer o tema da violência contra a mulher. Como foi este projeto? e o que te levou a este caminho?


O projeto foi “O impacto da Lei Maria da Penha na vida das jovens mulheres periféricas da Região Metropolitana de Recife”, este vídeo foi desenvolvido pelo o grupo no qual faço parte o Coletivo de Jovens Feministas, o vídeo foi apoiado pelo Fundo Ângela Borba do Rio de Janeiro. Este projeto teve como mote um dossiê produzido pelo Observatório de Violência contra a Mulher, onde foram elencados os cinco bairros tidos como os mais violentos com relação a violência contra a mulher, foram eles, Ibura, Iputinga, Casa Amarela, Nova Descoberta e Santo Amaro. Visitamos esses bairros pegando os depoimentos das pessoas com relação ao impacto da Lei Maria da Penha. O resultado foi o vídeo com uma duração de 25 minutos, como desdobramento desta produção foram aplicadas oficinas nas cincos escolas Municipais localizadas nos cinco bairros elencados, exceto em Santo Amaro, pois o critério para as oficinas eram em escolas da 5° a 8° Série do Ensino Fundamental II. Foram as Escolas Municipais: Cícero Franklin (Ibura), Costa Porto (Coque), Poeta Joaquim Cardoso (Nova Descoberta), João XIII (Iputinga).

O que me levou, não só a mim, mas a todo o Coletivo de Jovens Feministas foi de fato a problemática da Violência contra a Mulher e a vontade desmistificar este tema, tendo como gancho a Lei Maria da Penha, pois esta temática é uma bandeira de luta dentro do Movimento Feminista.





2- É nítido o crescimento da violência contra a mulher a cada ano que passa. O que causa tudo isso na sua opinião? Porque as mulheres são vítimas?



Na realidade a violência contra a mulher não um fenômeno novo, sempre existiu, mas as discussões saíram do campo privado, ou seja, de dentro das casas e se tornaram público, graças também ao movimento feminista. Não existe uma causa palpável, o que existe é uma desigualdade de gênero dentro da sociedade, são normas sociais onde a mulher ocupa um lugar muito mais inferior ao do homem dentro da sociedade. Por esta desigualdade estabelecida dentro do nosso processo cultural, faz com que a violência se legitime principalmente dentro do campo privado.







3- Pernambuco é ainda o estado mais violento contra as mulheres? Quais são os dados atuais desta violência em nosso estado?



Segundo o dossiê o Estado onde se matam mais mulheres é Espírito Santo, mas outros fatores influenciam, pois nem sempre os homicídios acontecem na passionalidade, ou seja, quando a vítima conhece o agressor. Atualmente cerca de 121 mulheres foram assassinadas em Pernambuco, segundo este blog: tanianienkotterrocha.blogspot.com.





4- Falamos de violência física, mas e a violência verbal e moral. Algo que acredito ser difícil de superar e praticamente impossível de se prevenir. Como lidar com isso?você não acha que a mulher é mais vitima neste tipo de violência?

De fato nós mulheres somos mais vítimas deste tipo de agressão e muitas vezes nem é cometida por um agressor real, pois a mídia no bombardeia o tempo todo colocando as mulheres em diversas situações humilhantes e até mesmo a “coisificando” (este termo é geralmente atribuído quando se veicula a imagem de mulheres a produtos) e isto sim são agressões verbais e morais.

Acredito que o Movimento Feminista seja um espaço autônomo onde as mulheres podem se fortalecer, pois o empoderamento de direitos e um Estado que garanta uma punição ao agressor poderá transformar esta situação de vulnerabilidade no qual ela se encontra.



5- Ainda sobre a questão da violência moral. O que é feito contra este tipo de violência? a lei Maria da Penha serve para este tipo de agressão?

A Lei Maria da Penha é um crime de gênero e não pune a agressão física a mulher, por exemplo, se ela se sentir ameaçada pelo agressor ela pode procurar a Delegacia da Mulher e dar entrada no Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO) e pedir o afastamento do agressor de sua residência ou até mesmo de sua casa. Caso a mulher já venha sendo agredida e ameaçada ela pode pedir uma Medida Protetiva, aonde vai a encaminhar a uma Casa Abrigo, aqui em Recife temos a Casa de Apoio Clarice Lispector e um Olinda o Centro Márcia Drangremond, além de uma outra casa cujo endereço não pode ser divulgado por uma medida de segurança das vítimas.



6- Claro que as mulheres são as principais vitimas nesta onda de violência, mas partindo para uma visão maior em relação a nossa sociedade , você concorda que todos perdem de uma forma direta e indireta?

Concordo plenamente, quando há violência principalmente dentro de casa a família toda sai perdendo. A violência é um fenômeno onde todos e todas saem perdendo. Precisamos pensar e desconstruir estes ciclos de violência para tentar juntos e juntas construirmos uma sociedade mais justa igualitária e longe de todas as formas de violência.

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